A CENTRALIDADE DA ESPONTANEIDADE DO ENTENDIMENTO
TRANSCENDENTAL KANTIANA SEGUNDO HENRY E. ALLISON
Douglas João Orben1
RESUMO: A dedução transcendental das categorias é uma das partes centrais da Crítica da razão pura (1781) de Kant. Tendo sido demonstrado, via dedução metafísica, a realidade transcendental das categorias, o objetivo kantiano, então, passa a ser o de provar a aplicabilidade das categorias puras do entendimento humano à experiência sensível. Na primeira Crítica, tal prova é apresentada na Analítica dos conceitos, mais propriamente na Dedução transcendental dos conceitos puros do entendimento (Cf. KrV, B 130-169). O presente trabalho pretende abordar o referido trecho, da obra kantiana, de acordo com a interpretação de Henry E. Allison. Para
Allison, todas as sínteses da dedução transcendental (síntese intelectual, síntese da imaginação e síntese da apreensão) estão, igualmente, regidas pelas categorias. Neste sentido, a dedução transcendental deve (necessariamente) ser analisada tomando com ponto norteador a espontaneidade do entendimento. Assim, mesmo contendo argumentos e sínteses diferentes, a comprovação da aplicabilidade das categorias à experiência possível somente pode ser levada a cabo considerando, em todos os seus passos, a inevitável determinação de todas as sínteses pelas condições transcendentais do entendimento.
Palavras-chave: Dedução Transcendental. Kant. Allison.
INTRODUÇÃO
A “revolução copernicana2”, operada por Kant, tem como consequência inevitável a necessidade de novos fundamentos para o conhecimento humano. A filosofia transcendental, portanto, apresenta-se como a fonte de todos os princípios e conceitos, que submetidos à crítica,
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Mestrando do Programa de Pós-graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul PUC/RS (Porto Alegre) e professor do curso de Filosofia da Faculdade Palotina - FAPAS (Santa Maria).
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A metáfora da “revolução copernicana” de Kant remete a virada