A Ideologia do Esporte - Espetáculo
Transmitido mundialmente pela televisão, o esporte tornou-se um dos vetores da globalização. Sua ideologia disfarça seu caráter político, a monetarização generalizada dos "valores" esportivos, fraudes e trapaças de todos os tipos e, sobretudo, ’doping’ maciço em todos os estágios.
A globalização do esporte, iniciada verdadeiramente a partir da II Guerra Mundial com a multiplicação sem fim das competições, duplicou-se com uma "esportivização" do mundo como vetor político-ideológico comum ao conjunto das potências financeiras que submetem o planeta à sua imposição. Depois que o barão Pierre de Coubertin lançou o movimento irresistível de propagação esportiva, ao ressuscitar os Jogos Olímpicos em Atenas, em 1896, o fenômeno esportivo caracterizou-se pela combinação de vários fatores: um desenvolvimento sem precedentes da maioria dos esportes em todo o planeta, sua homogeneização internacional pela codificação de regras unificadas, e o desaparecimento progressivo das técnicas corporais ou dos jogos típicos dos países.
O espaço público, reduzido a uma tela de sonho televisionado, está saturado de esporte, a tal ponto de comprometimento que a política é considerada, também ela, como um esporte.
A unidade desse conjunto reconfigurou simultaneamente o tempo do mundo (estabelecimento de calendários competitivos cada vez mais apertados, servindo de referências aceitas por todos) e o espaço geopolítico (multiplicação de locais de esporte: junto dos edifícios, nos estádios, em casa diante da televisão, no meio do mato), e tudo isso num espetáculo transmitido mundialmente pela televisão. Até parece surgir dessa articulação inédita do tempo e do espaço uma nova história, formada pelas façanhas, os recordes, os desempenhos, criando, por isso mesmo, mitos e "lendas fabulosas", dos quais os campeões seriam os deuses, no meio de um oceano de