Dom casmurro
Texto Original: Fabiano Antônio dos Santos, Rita de Cássia;
(Adaptado);
Procure imaginar a situação: você está sentado na plateia para assistir a uma apresentação em sua escola. Certamente não há a preocupação, de sua parte, sobre o que possa estar ocorrendo por trás das cortinas fechadas, prontas para serem abertas e revelarem as mais diversas possibilidades e sensações. Até porque você foi ao espetáculo na condição de espectador, e como tal, seu interesse estava nas sensações proporcionadas, sejam elas de satisfação, alegria, tristeza, indignação. E se o futebol fosse esta apresentação e você tivesse a oportunidade de olhar por trás das cortinas, o que lhe chamaria a atenção? O que enxergaria? Com certeza, coisas que o deixariam intrigado, curioso, ou até decepcionado.
“Os jogadores atuam, com pernas, numa representação destinada a um público de milhares ou milhões de fervorosos que assistem, das arquibancadas ou de suas casas, com o coração nas mãos. Quem escreve a peça? O técnico? A obra zomba o autor. Seu desenrolar segue o rumo do humor e da habilidade dos atores e, no final depende da sorte, que sopra como vento para onde quiser. Por isso o desenlace é sempre um mistério, para os espectadores e também para os protagonistas, salvo nos casos de suborno ou de alguma outra fatalidade do destino. Quantos teatros existem no grande teatro do futebol? Quantos cenários cabem no retângulo de grama verde? Nem todos os jogadores atuam com as pernas. Há atores magistrais.”
(Eduardo Galeano, O teatro, 2004).
O que poderemos descobrir se olharmos por trás da cortina de um espetáculo de futebol? O aluno cauteloso ao olhar diria: o futebol é um jogo, um esporte e não possui cortinas para olhar-se por trás. Outro aluno, mais audacioso, poderia ainda responder: eu sei o que acontece por trás, até porque, eu vivo no “país do futebol”, nasci com esta manifestação corporal impregnada em mim. E você, o que responderia?
O