A GOVERNAMENTABILIDADE
Michel Foucault em sua obra, A GOVERNAMENTALIDADE, procurou debruçar-se em torno dos conceitos e teorias sobre as formas de governos, desenvolvidas principalmente após “O Príncipe” de Maquiavel. Partindo dessa obra, considerada como um dos principais manuais de orientação de como um Príncipe deve governar, e como deve conservar a sua soberania sobre os seus súditos, Foucault procurou analisar a problemática que gira em torno da idéia de governo.
Com as transformações ocorridas nos vários setores da sociedade, principalmente a partir do século XVI, o conceito de governamentalidade passou a ser questionado. Mudanças com a formação dos Estados Nacionais e no pensamento religioso, exigiu-se também mudanças no processo administrativo – o ato de governar. Partindo dessas transformações, o sentido da palavra governo passa a ser questionada, no qual, proporcionou o surgimento de outra literatura que vai de encontro com o pensamento de Maquiavel, são os “anti-Maquiavel”. Enquanto que Maquiavel define que governar é gerir território e populações, deixando clara a soberania do príncipe sobre os homens, os teóricos “anti-Maquiavel”, defende que no governo existe uma multiplicidade de formas e que muitos podem governar.
Partindo dos textos do “anti-Maquiavel”, Guillaume de La Perriére, Foucault procura caracterizar essa “arte de governar”. Para La Perriére, “governo é uma correta disposição das coisas de que se assume o encargo para conduzi-las a um fim conveniente”. Ou seja, governar seria exercer o poder sobre as coisas e não só sobre o território e seus habitantes. Estas “coisas” seriam, portanto, a relação dos homens com suas riquezas, recursos, territórios, costumes, hábitos, climas, etc. Por isso, “governar é governar as coisas”. Partindo desse novo conceito da arte de governar, Foucault põe em questão, também, a idéia de soberania encontrada na obra de Maquiavel. Essa nova forma de governo define que “para ser um bom soberano,