A Garota da Porta Vermelha
Esperava com atenção e silêncio até que alguém fosse atender a porta, não que já não tivesse tocado a campainha antes, mas sempre que tocava, corria; da mesma forma que correu de tudo de bom que lhe aconteceu nessa vida. Durante o tempo em que ficou parada do lado de fora da porta, observou todas as mudanças que causara, internamente e fisicamente, desde que havia deixado. Suas mãos pairavam sobre seu peitoral enquanto seu pé fazia uma batida estressante que acompanhava sua respiração afobada e seu descontentamento com a situação. Aos vinte e quatro anos, havia planejado tudo em sua vida desde os dezoito, mas nunca havia incluído ir à casa de um homem implorando para que a escolhesse e magoasse uma pobre mulher que não estava envolvida em nada disso. Até sentiria dó, mas todas as noites pensava que egoísmo seria deixar que outra pessoa viva sua vida ao lado da pessoa que você ama, e aí a dó sumia.
As paredes brancas que perdera um sábado inteiro se sujando de tinta logo após de montar a casa, haviam sumido. Quase esquecera as lembranças, as marcas que haviam deixado. Um marrom claro intenso