Meninos não choram

Boys Don’t Cry

O garoto usou seus braços e sobrancelhas para sorrir. Ele fazia coisas esquisitas como sorrir de um jeito único com a porra da sobrancelha. E também tinha os braços longos. Ele me olhou, não como se esperasse algo de especial, mas me olhou e sorriu mais. Lá fora parecia prestes a amanhecer. Eu tinha dormido por meia hora, no máximo. Meus olhos arderam e os fechei novamente. Sem me remexer entre os lençóis sujos ou me incomodar com o cheiro de cerveja, capotei de sono outra vez depois de ouvi-lo dar uma risadinha baixa. Ele deixou meu quarto, fechando a porta. A última coisa que me lembrei daquela noite foi imaginá-lo andando pelo corredor com as mãos em seus quadris que balançavam suavemente.
Jinki entrou daquele jeito desastrado que fazia tudo. Bom, ele era um incompetente na arte de viver e Deus deixara isso bem claro colocando-o para esfacelar a fechadura do meu quarto enquanto eu sonhava. Sim, eu sonhava. Lee Jinki me acordou. Mas eu já o odiava mesmo então tudo bem.
- Você viu o Key hoje? – ele perguntou, olhando para a cama vazia do outro lado do quarto.
Eu era acordado praticamente com um tiro na porta e ainda era obrigado a saber onde a puta do Kibum tinha arrumado alguém para chifrar o energúmeno do namorado dele. Dei um grunhido que qualquer um que convivesse um mínimo de tempo comigo – privilégio para pouquíssimos – entenderia como um “saia daqui”.
Quando a porta se fechou, ainda que meio mal fechada, caí de quatro no piso com o pé preso no lençol. Engatinhei até o banheiro e me apoiei no vaso bem a tempo de vomitar o almoço da semana toda. Tossi algumas vezes e olhei o relógio da parede. Três da tarde. Primeiro de janeiro. Vomitei outra vez.
- Minho? – Kibum entrou no quarto bem a tempo de me ver acabar de por minhas tripas para fora.
Em um minuto, ele tirou o casaco e passou os braços ao redor do meu corpo, me levantando – mesmo sendo bem menor do que eu - e me levando até a cama. Depois levou meu cinzeiro para mais perto de