A FÉ E A RAZÃO
Tanto no Oriente como no Ocidente, é possível entrever um caminho que, ao longo dos séculos, levou a humanidade a encontrar-se progressivamente com a verdade e a confrontar-se com ela. É um caminho sé realizou – nem podia ser de outro modo – no âmbito da autoconsciência pessoal: quanto mais o homem conhece a realidade e o mundo, tanto mais se conhece a si mesmo na sua unicidade, ao mesmo tempo que nele se torna cada vez mais premente a questão do sentido das coisas e da suas e da sua própria existência. O que chega a ser objecto do nossa conhecimento, torna-se por isso mesmo parte da nossa vida. A recomendação conhece-te a ti mesmo estava esculpida no dintel do templo de Delfos, para testemunhar uma verdade basilar que deve ser assumida como regra mínima de todo homem que deseja distinguir-se, no meio da criação inteira, pela sua qualificação de « homem », ou seja, enquanto « conhecedor de si mesmo ».
Aliás, basta um simples olhar para a história antiga para ver com toda a clareza como surgiram simultaneamente, em diversas parte da terra animadas por culturas diferentes, as questões fundamentais que caracterizam o percurso da existência humana: Quem sou eu? Donde venho e para onde vou? Porque existe o mal? O que existira depois desta vida? Estas perguntas encontram-se nos escritos sagrados de Israel, mais aparecem também nos Vedas e no Avestá; achamo-los tanto nos escritos de Confúcio e Lea-Tze, como na pregação de Tirtankara e de Buda; e assumam ainda querer nos poemas de Homero e nas tragédias de Eurípides e Sófocles, quer nos tratados filosóficos de Platão e Aristóteles. São questões que têm a sua fonte comum naquela existência de sentido que, desde sempre, urge no coração do homem: da resposta a tais perguntas depende efectivamente a orientação que se imprime à existência.
A igreja por sua vez, não pode deixar de apreciar o esforço da razão da consecução de objectivos que tornam cada vez mais digna a existência pessoal. Na verdade,