A figura da mulher nos contos de fadas
A escritora e artista plástica Marina Colasanti nasceu na África. Seguiu para a Itália e, desde 1948 mora no Brasil. Já escreveu 33 livros, entre ensaios, contos e obras infanto-juvenis. Em 1994 ganhou dois prêmios Jabuti com os livros Rota de colisão, e Ana Z, aonde vai você?. A escritora também exerceu intensa atividade jornalística. Foi redatora do Caderno B e do Caderno Infantil, do Jornal do Brasil, de 1962 a 1973. Assinou seções nas revistas Senhor, Fatos&Fotos, Claudia, entre outras.
Marina faz parte da geração saúde. Não aprendeu sobre a vida apenas nos livros. Ela participava do grupo de garotas revolucionárias de Ipanema que, em fins dos anos 50, cortavam o bairro na garupa das lambretas. Pegavam "jacaré" com os rapazes, desconfiavam do casamento tradicional, queriam morar sozinhas e não deixavam que certos padrões sociais interferissem em suas vidas amorosas.
Ao mesmo tempo, ela conviveu com gente mais velha que tinha muito a acrescentar. Alguns de seus amigos eram Millôr Fernandes, Rubem Braga, Tom Jobim, Paulo Francis, Otto Lara Resende, entre outros. À sua maneira, Marina já era feminista. Mesmo sem saber, ainda tímida, sem ideologia e sem rancor. Em sua luta pela libertação, ela e as amigas libertaram também os rapazes do seu grupo.
Ela cresceu em Ipanema e fez parte da turma "Donos do Arpoador". Tudo na sua carreira aconteceu muito rápido. Começou como repórter no Jornal do Brasil, em 1966, e em pouco tempo, descobriu seu talento para a literatura. Mal começou a escrever crônicas e se redescobriu nas artes plásticas. Hoje, aos 68 anos, ela consegue se dividir entre as colunas que assina, ilustrações, livros e viagens a trabalho. Marina também passava as tardes no calçadão onde sua turma cantava ao som de um bom violão. "Éramos duros e eu sempre trabalhei. Fui guia turístico, dei aulas particulares para crianças, modelo. O que pintasse para ganhar dinheiro era comigo mesmo" - conta.