A essência das substâncias compostas e das substâncias separadas
Nem na alma nem na inteligência existe qualquer composição de matéria e de forma, caso se tome nelas a essência como nas substâncias corpóreas. Porém, na alma e na inteligência há uma composição de forma e de ser.
É impossível que a matéria exista sem qualquer forma, mas não é impossível que exista uma forma sem matéria.
As formas que estão mais próximas do primeiro princípio são as formas subsistentes por si, sem matéria.
A essência da substância composta e da substância simples difere no seguinte: a essência da substância composta não apenas forma, mas compreende a forma e a matéria, mas a essência da substância simples é apenas a forma.
Segundo Avicena, o ser distingue-se da essência, salvo no caso da realidade em que a quididade e o ser se identificam.
A inteligência é forma e ser e tem o ser a partir do primeiro ente. E esta é a causa primeira que é Deus. É necessário que a própria quididade ou a forma, que é a inteligência, esteja em potência quanto ao ser que recebe de Deus. Esse ser é recebido à maneira de acto. E assim se encontra potência e acto nas inteligências.
O Comentador, no livro III de A Alma, afirma que, se a natureza do intelecto possível fosse desconhecida, não poderíamos encontrar a multiplicidade nas substâncias separadas. A inteligência superior, que está mais próxima do primeiro ser, tem mais acto e menos potência.
Pelo fato de que entre as outras substâncias inteligíveis é a que está mais em potência, a alma torna-se tão próxima das coisas materiais, que a realidade material é atraída a participar do seu ser, de modo que da alma e do corpo resulta um único ser num único composto , embora esse ser, dado que é da alma não seja dependente do corpo.
Bibliografia: