A escola está inserida numa realidade social e por ela é impactada
Leciono há dez anos na Extensão de Araquém, pertencente à Escola Flora Teles, de Coreaú e, felizmente, não vivenciamos problemas comuns em escolas das periferias das grandes cidades, como os relacionados à violência e ao uso de drogas. No entanto, existem problemas que são decorrentes da organização social em que vivemos. Entre estes, os que afetam nosso trabalho, temos a ausência de políticas públicas de atendimento e orientação às famílias carentes, as quais acabam por terem um grande número de filhos. Estes não recebem em seus lares o suporte suficiente para se desenvolverem de forma sadia e plena. A maioria de nossos educandos, especialmente os residentes em áreas rurais, são vítimas dessa situação. São adolescentes e jovens esquecidos pelo poder público e que muitas vezes não recebem o apoio necessário dos pais.
A escola é vista como um caminho para a superação da vida de sofrimento em que vivem. Porém, muitas vezes os alunos não se sentem acolhidos e/ou preparados para responder aos desafios por ela colocados. O resultado é evasão, migração ou constituição de uma nova família, que irá enfrentar os mesmos problemas vivenciados na família a que pertencia.
O que me deixa bastante entristecido é ter consciência de que com poucos recursos o poder público municipal poderia implantar uma política para o acompanhamento dessas famílias e, com certeza, teríamos a transformação da vida de muitos desses homens e mulheres, que em pleno século XXI não têm o direito a uma vida descente. Isso não é feito porque nossos governantes são sabedores de que é graças à miséria e a ignorância do povo que eles têm se perpetuado no poder.
Mas, a escola tem poder para interferir no meio social e certamente a nossa tem conseguido interferir, não na proporção que gostaríamos. Se ela não tem dado conta de todos que a ela vem, muitos outros têm conseguido, graças ao trabalho escolar, superar seus próprios limites