a dominação masculina
Resumo
O artigo a seguir se propõe a levantar reflexões sobre a dominação masculina, a partir do trabalho de Pierre Bourdieu entre os Cabila. Para tanto a reflexão passa pela afirmação bourdieuana de que a ordem masculina do cosmos está corporificada, fazendo vítimas tanto ao homem quanto a mulher, mulher esta que apesar de viver a dominação é também sujeito neste processo, sujeito dominado, mas o é. Por fim, mostra-se como a Igreja tem um papel importante na construção e perpetuação das identidades de gênero, por ser um agente especializado, sacralizando o que está no habitus humano.
Palavras–chave: dominação masculina, habitus, gênero e igreja.
Devo dizer que este texto trata-se de algumas idéias iniciais, que pretende trazer alguns elementos para discussão sobre A Dominação Masculina, que devem ser melhor analisadas e articuladas dentro de uma gama de autoras e autores que trabalham o tema e dentro da própria sociologia de Pierre Bourdieu.
Nosso intuito nesta breve reflexão é analisar a dominação masculina a partir de Pierre Bourdieu em diálogo com autoras feministas como Michelle Perrot (1988), Débora Sayão (2003), Tânia Fonseca (2001) e Mariza Corrêa (1999). Em seguida levantar a questão da mulher enquanto sujeito dominado, tomando aqui a idéia de sujeito pós-estruturalista, baseada especialmente em Foucault. A última parte do nosso trabalho é uma tentativa de avaliar a Igreja dentro daquilo que Bourdieu (2003b) denomina de economia das trocas simbólicas. Nesse sentido, a sua função como estruturada e estruturante da dominação masculina.
A ordem masculina do cosmos inscrita nos corpos de homens e mulheres
Uma característica do trabalho de Pierre Bourdieu é o pragmatismo próprio de quem analisa a realidade como parte dela, sem a pretensa a-historicidade comum na filosofia clássica. Seu esforço contínuo foi no sentido de uma sociologia útil para seu tempo,