Bourdieu - A dominação masculina
“O efeito da dominação simbólica (seja ela de etnia, de gênero, de cultura, de língua etc) se exerce não na lógica pura das consciências cognoscentes, mas através dos esquemas de percepção, de avaliação e de ação que são constitutivos dos ‘habitus’ e que fundamentam, aquém das decisões da consciência e dos controles da vontade, uma relação de conhecimento profundamente obscura a ela mesma. Assim a lógica paradoxal da dominação masculina e da submissão feminina, que se pode dizer ser, ao mesmo tempo e sem contradição, espontânea e extorquida, só pode ser compreendida se nos mantivermos atentos aos efeitos duradouros que a ordem social exerce sobre as mulheres (e os homens), ou seja, às disposições espontaneamente harmonizadas com esta ordem que as impõem.” (Bourdieu, 2002).
O autor convoca as mulheres a se comprometerem com uma ação política capaz de abalar as instituições vigentes, estatais ou jurídicas, que contribuem para eternizar a sua subordinação. Em especial, chama atenção para aquilo que apelida de “violência simbólica, a violência suave, insensível, invisível às suas próprias vítimas, que se exerce por vias puramente