Habitus e a Miséria do Mundo
DE RELATOS APRESENTADOS EM “A MISÉRIA DO MUNDO” DE BOURDIEU
Sirlene Mota Pinheiro da Silva
Nas últimas décadas do século XX, as questões de gênero têm suscitado várias pesquisas que apontam para a necessidade de reconstrução da prática pedagógica do (a) profissional da educação. Nesse sentido, este texto resgata, a partir da obra de Pierre Bourdieu
A Miséria do Mundo, questões voltadas ao desenvolvimento do habitus de gênero e ao habitus professoral, especialmente no tratamento dado às questões de gênero e sexualidade no espaço escolar. Neste intento, busca responder os seguintes questionamentos: Quais os pontos de partida para a construção e compreensão do conceito de habitus, habitus de gênero e habitus professoral? O que pode ser feito para a superação da hierarquia de gênero, a
“dominação masculina” e a “masculinidade hegemônica”? De que forma acontece às relações entre docente e discente no espaço escolar, especialmente no que se refere às questões de gênero e sexualidade em sala-de-aula?
Bourdieu e seus colaboradores desenvolvem na obra A miséria do mundo um ensaio de construção da vontade coletiva, partilhando sentimentos de pertença ao grupo social dos excluídos que, naquele momento, tiveram oportunidade de serem ouvidos e reconhecidos.
Uma das questões que me instigou nos relatos e nas breves análises dos “casos” apresentados na obra refere-se ao trabalho que transcende a academia e sugere algumas pistas e caminhos de atuação para o (a) pesquisador (a) social nas questões da realidade, indicando formas de intervenção política na busca da transformação da realidade. Conforme aponta Catani (2006,
p. 21), a obra A miséria do mundo não trata “de determinações mecânicas ou de correspondências lineares, porém de possibilidades que enumerem relações prováveis e percepções também da mesma natureza”.
Por entender essas possibilidades, pretendo resgatar neste texto conceitos