A dimensao discursiva do trabalho filosofico
Ficha de Trabalho de Filosofia - 10 ano
A dimensão discursiva do trabalho filosófico
A interrogação e a crítica são ingredientes essenciais da prática filosófica. Ora, fazer perguntas e pôr em causa o que quer que seja significa pensar, utilizar o pensamento e, simultaneamente, recorrer à linguagem.
O homem não é um ser isolado e os filósofos também não vivem à margem dos acontecimentos e dos outros seres humanos. A filosofia que desenvolvem é uma actividade dialógica. É sempre um discurso de alguém que fala de alguma coisa e que deseja transmitir a outras pessoas aquilo que pensa. Os modos de pensar de Platão, Aristóteles ou Nietzsche só podem ser por nós conhecidos e avaliados na medida em que nos chegam sob a forma de palavras, registadas em frases e em textos.
A Filosofia constitui-se, pois, como um discurso - o discurso filosófico, dado usar instrumentos lógicos e linguísticos → o qual implica o exercício de competên cias simultaneamente racionais e linguísticas.
Um discurso é um conjunto coerente de raciocínios (constituídos em argumentos), elaborados a partir de juízos, com vista à defesa de uma determinada tese - é a expressão do pensamento racional. Pensamento e discurso podem, de algum modo, tornar-se sinónimos, dado que o pensamento é o discorrer da razão na palavra. É na linguagem, na articulação de conceitos/termos em juízos/proposições, coerentemente conduzidos, que tem lugar o pensar.
Quer na interpretação de escritos de outrem quer na produção de textos pessoais, tanto os pensadores conceituados quer os estudantes a iniciar-se nesta disciplina têm de discorrer, isto é, têm de transitar de umas afirmações a outras, sem prejuízo da relacionação lógica entre elas.
Em face do que se diz de modo visível ou explícito há que prosseguir na descoberta daquilo que, muitas vezes, está invisível ou apenas implícito. Sem esta capacidade de passar do que está presente ao que está ausente não se pode