A (des)identidade cultural do sujeito pós-moderno
Norma Ribeiro do Carmo.
Este ensaio pretende abordar questões concernentes ao sujeito pós-moderno, que vivencia os conflitos de identidade cultural, a fragmentação da sociedade moderna e o fenômeno da globalização. Para tal, faremos uso do poema "Ode à Tropicália”, da poetisa contemporânea Laura Esteves, encontrado em anexo, juntamente com alguns textos de apoio, dentre eles o livro A Identidade Cultural na PósModernidade de Stuart Hall.
O poema em questão, ao mesmo tempo em que mostra nossas riquezas culturais, faz críticas à sociedade de consumo e, por conseqüência, à globalização que acaba contribuindo para a introdução de uma cultura composta pela mídia. Já no título há uma espécie de intersecção de modelos culturais, pois uma ode seria um poema lírico composto de estrofes e versos de medida igual, sempre de tom alegre e entusiástico enquanto que o movimento denominado tropicalismo utilizava a irreverência, a improvisação.
Desse modo, temos o binarismo cultura canônica / cultura marginal dentro de um poema que possui um aspecto fragmentário, como se o mesmo englobasse concomitantemente uma classificação da poesia canônica, já que é uma ode, e fosse também “contaminado” em sua forma e conteúdo por um aspecto marginal, isto é, pela ausência de regras na composição dos versos, que são livres e não constituídos, segundo a determinação de convenções literárias tradicionais, além de desenvolver uma temática mais política do que lírica, partindo, para tanto, de uma discussão a propósito do que seja o “Tropicalismo”.
O Tropicalismo, movimento cultural do fim da década de 60, utilizava a improvisação, o deboche e a irreverência, provocou mudanças na música popular brasileira que até o momento tinha a bossa nova como predominante. Esse movimento ressaltou em sua estética os contrastes da cultura brasileira, trabalhando com as dicotomias arcaico / moderno, nacional / estrangeiro e cultura
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