a democracia racial em freyre
Nesse primeiro capitulo Gilberto Freyre evidencia aquilo que já estamos vendo em outros autores dentre eles, Kabengele Munanga. Freyre considera que no Brasil predominou, para a formação étnica e cultural de sua sociedade, a democracia racial. Sob sua óptica, os povos nativos, os colonizadores portugueses e os negros trazidos da África como escravos contribuíram de forma praticamente harmoniosa para a constituição dos hábitos e costumes da sociedade patriarcal brasileira. Não considera, na maior parte das vezes, os intensos conflitos ocorridos entre essas diferentes culturas. Defendeu a miscigenação como algo positivo, diz que a miscigenação que largamente se praticou aqui corrigiu a distancia social entre a casa grande e a senzala. Diz ainda que senhores e escravos viviam na mais cordial convivência possibilitada pelo cruzamento entre a sensualidade da mulher africana e indígena com uma suposta e inata cordialidade e ausência de racismo do homem português. Na opinião de deste autor uma espécie de sadismo do branco e de masoquismo do índio ou do negro teria predominado nas relações sexuais como nas sociais do europeu com as mulheres das raças submetidas. Sobre a afirmação do masoquismo do negro escravizado, é difícil, entretanto, imaginar que o negro gostava de apanhar, ser agredido ou espancado.
Nas relações sexuais entre os senhores e os negros, Freyre aponta os escravos como pessoas passivas, submetidas “ao desejo sem limites do senhor e nesta submissão encontraria um inconfessado prazer”. No encerramento do capitulo afirma que de um modo geral a formação brasileira tem sido um processo de equilíbrio de antagonismos dos quais o maior e mais profundo é o senhor e escravo.