A democracia racial no Brasil
Resumo
Esse trabalho tem por objetivo explicar e discutir o mito da democracia racial no Brasil. O texto é baseado, principalmente, no artigo Democracia Racial de Antonio Sérgio Alfredo Guimarães, professor da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP).
Introdução
Democracia Racial é um termo usado por alguns para descrever as relações raciais no Brasil. O termo denota a crença de que o Brasil escapou do racismo e da discriminação racial ainda marcante em muitos países como, por exemplo, os Estados Unidos e a África do Sul. No entanto, essa ideia tem sido desmitificada por sociólogos e antropólogos raciais.
Joaze Bernardino afirma que:
“A construção da nação brasileira está estruturada- dentre outras coisas- a partir do mito da democracia racial. Uma parcela expressiva da sociedade brasileira compartilha a crença de ter construído uma nação — diferentemente dos Estados Unidos e da África do Sul, por exemplo — não caracterizada por conflitos raciais abertos. Além disso, imagina-se que em nosso país as ascensões sociais do negro e do mulato nunca estiveram bloqueadas por princípios legais tais como os conhecidos Jim Crow e o Apartheid dos referidos países. Para os que imaginam e advogam a singularidade paradisíaca brasileira, isto significa dizer que o critério racial jamais foi relevante para definir as chances de qualquer pessoa no Brasil. Em outras palavras, ainda é fortemente difundida no Brasil a crença de que a cultura brasileira antecipa a possibilidade de um mundo sem raça.”
Sistematizado na obra “Casa Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre, o conceito de democracia racial coloca a escravidão para fora da simples ótica da dominação. A condição do escravo, nessa obra, é historicamente articulada com relatos e dados onde os escravos vivem situações diferentes do trabalho compulsório nas casas e lavouras. De fato, muitos escravos viveram situações em que desfrutavam de certo