A crise financeira de 2008
Convergência dos dramas econômicos, sociais e ambientais
Ladislau Dowbor
1 de julho de 2009
“Os benefícios fundamentais da globalização financeira são bem conhecidos: ao canalizar fundos para os seus usos mais produtivos, ela pode ajudar tanto os países desenvolvidos como os em via de desenvolvimento a atingir níveis mais elevados de vida.”
IMF, Finance & Development, March 2002, p. 13
“Os administradores de fundos enriqueceram e os investidores viram o seu dinheiro desaparecer. E estamos falando de muito dinheiro, em todo esse processo” - Paul Krugmann, Folha de São Paulo, 30-12-2008
“O grau de perda de confiança do mundo nas suas instituições é sério”
Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, Davos, 2009
Resumo:O presente artigo visa apresentar os principais encadeamentos da crise financeira. Partindo dos mecanismos imediatos que a desencadearam, analisa em seguida a deterioração dos mecanismos e das instituições de regulação, e o papel chave que os Estados Unidos desempenham. Na linha da avaliação dos impactos, busca delinear quem deverá em última instância pagar pela bancarrota do cassino, analisando como a especulação financeira contribui para a concentração de renda, e como os mecanismos se dão de maneira diferenciada no Brasil. Na parte final, o artigo apresenta dois grupos de propostas, dos que querem manter o sistema, mas melhorar a sua regulação; e dos que vêem a crise como oportunidade para se colocar de maneira mais ampla os problemas da alocação racional de recursos em função dos dramas sociais e ambientais: é a crise no seu contexto mais amplo, na sua dimensão de oportunidade de resgate do desenvolvimento sustentável. Palavras-chave: globalização, crise financeira, especulação, regulação.
Abstract:The workings of the 2008 financial crisis are not very misterious. A mixture of greed, a good dose of outright fraud, and blatantly absent or corrupt regulation. The paper starts