A Crise Do Fordismo
Osvaldo Bertolino
Em meio à polêmica sobre a nova configuração que o mundo do trabalho vem adquirindo diante da presente reestruturação produtiva, a análise da crise do fordismo pode resultar em importantes conclusões sobre o papel do movimento sindical nestes confusos dias que correm. Já estamos vivendo a era "pós-fordista" ou estamos em pleno "neofordismo"? Este artigo ousa entrar nessedebate com a finalidade muito maior de aumentar as perguntas do que dar respostas.
No começo de 1997 o mundo se viu diante de uma daquelas discussões que parecem dividir as águas. Sob o impacto da notícia de que o embriologista Ian Wilmut e sua equipe haviam clonado a ovelha Dolly no Instituto Roslin, de Edimburgo, na Escócia, de um lado apareceram apelos de conteúdo religioso e filosófico condenando o feito com o argumento básico de que a clonagem era perigosa por estar situada abaixo da dignidade humana. Alguns respeitados estudiosos do mundo do trabalho advertiram para o perigo do uso indiscriminado da biotecnologia, que poderia chegar ao ponto de reproduzir seres humanos em série. O Vaticano e alguns governos também alertaram o mundo sobre esse risco. São argumentos consistentes. Embora por convicções diferentes, a defesa do respeito à vida, sobretudo pelo fato de cada um de nós ser único e original, deve ser uma divisa universal.
De outro lado apareceram defesas do livre curso para o desenvolvimento da ciência. É um conceito aparentemente avançado. A defesa dessa tese, no entanto, perde consistência se não consideraras condicionantes filosóficas e históricas. É preciso levar em conta quem tem o domínio sobre a ciência e qual uso será feito dela. Os principais defensores do desenvolvimento científico sem barreiras estão situados, sobretudo naquela faixa de pensamento na qual predomina a ideia de que o mercado é um bem supremo da humanidade.
Essa é uma polêmica sobre a qual repousa grande parte do debate a respeito do mundo do trabalho neste