Crise do Fordismo
Simon Clarke
Professor da Universidade de Warwick, Coventry, Inglaterra.
A desintegração dos regimes da Europa do Leste não é um fenômeno isolado, pois se trata apenas da manifestação mais recente e mais dramática de um processo que vem se desenrolando no mundo todo nas últimas duas décadas. Ela deve ser encarada como uma expressão do fracasso do Estado em atingir determinados objetivos econômicos que ele se propôs a alcançar. Assim, a crise do Estado intervencionista exige a construção de novas formas políticas que possam articular e também legitimar estratégias econômicas alternativas.
Apesar de que ter sido a Direita quem ficou a montante da onda política dos anos 1980, a Nova Esquerda, durante as décadas de 1960 e 1970, articulara uma crítica ao Estado igualmente poderosa. Esta crítica, porém, não foi acompanhada por nenhuma alternativa coerente para as estratégias econômicas desacreditadas da social-democracia e do socialismo de Estado, que pudesse fazer face ao apelo da direita à panacéia do mercado e à ideologia de um passado idealizado. O programa da Direita de privatização respondia às pressões políticas tentando desmantelar ou privatizar os mecanismos que haviam sido o foco imediato de agitação política. Ele garantia sua base política através da redistribuição seletiva da renda em favor de setores estratégicos do ponto de vista eleitoral e, sobretudo, engendrando um boom militarista-keynesiano.
No fim dos anos 80 ficou claro que não houve nenhum milagre, mas apenas o velho boom do crédito. A quebra da Bolsa de 1987 revelou a base precária da montanha de dívidas sobre a qual o "milagre econômico" fora construído. Embora uma nova onda de liberalização na Europa do Leste e no Terceiro Mundo lance agora um salva-vidas para a Direita e prepare o caminho para uma futura expansão, é improvável que ela possa oferecer uma solução permanente para a crise da estratégia neoliberal.
Hoje, boa parte da