A crise da economia cafeeira
Ao comprovar-se a primeira crise de superprodução, nos anos iniciais do século XX, os empresários brasileiros logo perceberam que necessitavam reter parte da produção fora do mercado, isto é, contrair artificialmente a oferta. Os estoques assim formados seriam mobilizados quando o mercado apresentasse mais resistência, ou serviriam para cobrir deficiências em anos de colheitas más.
Os efeitos da crise de 1893 puderam ser absorvidos por meio de depreciação externa da moeda, mas a situação de extrema pressão sobre a massa de consumidores urbanos, que já existia em 1897, tornou impraticável insistir em novas depreciações.
Exatamente nessa etapa em que se fazia impraticável apelar para o mecanismo cambial, a fim de defender a rentabilidade do setor cafeeiro, configura-se o problema da superprodução.
Logo surge e se concretiza, na cabeça dos dirigentes dos estados cafeeiros, cujo poder político e financeiro fora amplamente acrescido pela descentralização republicana, a ideia de retirar do mercado parte do excedente acumulado.
Assim em 1906 no convênio celebrado em Taubaté definem-se as bases do que se chamaria política de "valorização" do produto. Em essência, essa política consistia no seguinte:
a) com o fim de restabelecer o equilíbrio entre oferta e procura de café, o governo interviria no mercado para comprar os excedentes;
b) o financiamento dessas compras se faria com empréstimos estrangeiros;
c) o serviço desses empréstimos seria coberto com um novo imposto cobrado em ouro sobre cada saca de café exportada;
d) a fim de solucionar o problema em longo prazo, os governos dos estados produtores deveriam desencorajar a expansão das plantações.
Esta política foi amplamente criticada por grupos opositores, porém os recalcitrantes conseguiram aplicar suas políticas.
O êxito no plano de defesa elaborado pelos cafeicultores criava um problema, ao tornar firmes os preços e assim os lucros, era mantido o interesse