Economia rural
1. De acordo com os estudos de Celso Furtado, quais os primórdios da formação econômica do Brasil?
R: O desenvolvimento econômico não acarreta necessariamente redução da participação do comércio exterior no produto nacional. Na primeira etapa a indução externa constitui o fator dinâmico principal na determinação do nível da procura efetiva. Se prolonga a contração da procura externa, tem início um processo de desagregação e a conseqüente reversão a formas de economia de subsistência. Na segunda etapa do desenvolvimento, reduz-se progressivamente o papel do comércio exterior como fator determinante do nível da renda mas, concomitantemente, aumenta a sua importância como elemento estratégico no processo de formação capital. Com efeito, numa economia agrícola extensiva o aumento da capacidade produtiva é, em grande parte, simples decorrência da incorporação de mão-de-obra e recursos naturais. O sistema entra numa etapa de intensa assimilação de processos tecnológicos mais complexos, aos quais tem acesso através do intercâmbio externo. A etapa intermediária de desenvolvimento caracteriza-se por modificações substanciais na composição das importações e por uma maior dependência do processo de ampliação da capacidade produtiva com respeito ao comércio exterior. A ampliação da capacidade para importar constitui, também nessa etapa, forte estímulo ao desenvolvimento da economia. O desenvolvimento da economia brasileira a partir da Primeira Guerra Mundial enquadra-se perfeitamente nesse tipo intermediário. O processo de industrialização começou no Brasil concomitantemente em quase todas as regiões. Foi no Nordeste que se instalaram, após a reforma tarifária de 1844, as primeiras manufaturas têxteis modernas e ainda em 1910 o número de operários têxteis dessa região se assemelhava ao de São Paulo. A etapa decisiva de concentração ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial, época em que teve lugar a primeira fase de aceleração do desenvolvimento industrial.