A Crise Ambiental E O Impacto Sobre O Capitalismo
Publicado em 6 de abril de 2011 por admin Por Fabián Echegaray
“As mudanças climáticas representam um dos maiores fracassos do sistema de mercado que já se viu.” As categóricas palavras de Nicholas Stern – na época economista-chefe do Banco Mundial – para contextualizar os desafios que a economia e a sociedade enfrentam na maneira de conduzir seus negócios em tempos de aquecimento global têm várias qualidades. Elas sintetizam o consenso retrospectivo sobre um modelo de desenvolvimento ancorado em premissas erradas: mais consumo, mais poluição, mais desigualdade social e infelicidade pessoal, crescimento em vez de bem-estar. Mas, também, dão uma dica sobre a necessidade de reinventar a noção de livre mercado como base geradora de riqueza e oportunidades ou arriscar novos fracassos ou o aprofundamento do grande fracasso atual.
Mencionadas antes da crise econômica iniciada em 2008, essas palavras poderiam trocar o sujeito “mudanças climáticas” por “sociedade de consumo supérfluo e conspícuo”, “expansão baseada no endividamento”, “epidemias de obesidade e depressão” ou “escândalos éticos ou socioambientais de grandes corporações” (como o da Enron que abriu a década ou da BP que a encerrou) e caber, perfeitamente, como uma luva. A forte dependência na intervenção estatal para minimizar ou controlar as crises financeira e ambiental que testemunhamos nestes últimos anos claramente reforçam a ideia central da mensagem de Stern: o livre mercado – entendido como uma proposta de progresso econômico e social, desregulada e autoequilibrante – não funciona. O livre mercado não apenas deixa a desejar na obtenção de bons resultados – ou na distribuição mais eficiente de benefícios do ponto de vista coletivo – como também adoece de uma opacidade intrínseca na maneira de calcular os custos de produção e consumo. Isso porque esquece o capital natural como fator de produção ou ignora os custos diretos (degradação ambiental,