A criança e o brincar
Atualmente é raro encontramos crianças brincando as mesmas brincadeiras que eram brincadas há algumas décadas atrás; pique-esconde, queimada, amarelinha, bolinha de gude, entre outras tantas brincadeiras perderam lugar para os jogos eletrônicos, os computadores e os avanços que a tecnologia vem descobrindo.
A experiência do brincar cruza diferentes culturas, lugares, passados, presentes e futuros, sendo marcada ao mesmo tempo pela continuidade e pela mudança. A tecnologia, a cultura, os novos tempos, os lugares, tudo tem influenciado nesse processo de reconstrução ou desconstrução do brincar.
É quase impossível imaginar crianças que não brincam que não usam toda a sua imaginação para criar diferentes situações. O ato de brincar não é só um passatempo divertido, algo comum na infância e que passa sem deixar vestígios, é nele que a criança se veste através da brincadeira passando assim a representar a si e ao mundo que a cerca. Essa reprodução acontece mediante um processo ativo de reinterpretação do mundo, que abre lugar para a invenção e a produção de novos significados, saberes e práticas em que o processo de brincar referencia-se naquilo que os sujeitos conhecem e vivenciam, envolvendo complexos processos de articulação entre o já dado e o novo, entre a experiência, a memória e a imaginação, entre a realidade e a fantasia.
O brincar é um espaço de apropriação e constituição pelas crianças de conhecimentos e habilidades no âmbito da linguagem, da cognição, dos valores e da sociabilidade, um fenômeno da cultura, uma vez que se configura como um conjunto de práticas, conhecimentos e artefatos construídos e acumulados pelos sujeitos nos contextos históricos e sociais em que se inserem.
A liberdade do brincar se configura em transitar por diferentes tempos, lugares, coisas e espaços. É assim que cabos de vassouras tornam-se cavalos, pedaços de pano se tornam capas de super-heróis, pedras em comidinhas. Para