A construção social da memória: o indivíduo e o tempo
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEMÓRIA SOCIAL – MESTRADO
DISCIPLINA: ESTUDOS EM MEMÓRIA SOCIAL I
MESTRANDA: NILCINÉIA NEVES LONGOBUCO
1º SEMESTRE DE 2011
A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA MEMÓRIA: O INDIVÍDUO E O TEMPO
INTRODUÇÃO O presente texto tem por objetivo analisar a construção social da memória a partir das leituras dos textos A construção social da memória moderna, de Luís Fernando Dias Duarte e Aspectos míticos da memória e do tempo, de Jean-Pierre Vernant. A análise desses textos nos permitirá refletir sobre a categoria da memória como fenômeno social e não somente psicológico, o que nos leva a pensar nas discussões sobre a memória individual e a memória coletiva1. Indivíduo e coletividade constituem categorias importantes a serem discutidas aqui, uma vez que a integração e inter-relação do indivíduo e com seu grupo, num tempo e num espaço, é o que promove as transformações no fenômeno da memória.
MNEMOSYNE E O TEMPO MÍTICO DOS GREGOS ARCAICOS Mnemosyne, a deusa da memória e do esquecimento, na mitologia grega significa o nome de uma função psicológica: a memória. Há exemplos de outros deuses que também representam outras funções, como sentimentos, paixões, atitudes mentais, qualidades e erros. Jean-Pierre Vernant destaca que Mnemosyne, inicialmente, se difere dos outros deuses, pois a memória é uma função muito elaborada que atinge grandes categorias psicológicas, como o tempo e o eu. Ela põe em jogo um conjunto de operações mentais complexas, e o seu domínio sobre elas pressupõe esforço, treinamento e exercício2. Ele destaca que os documentos que servem de base aos seus estudos sobre a história da memória3 tratam-se de representações religiosas, da divinização da memória e da elaboração de uma ampla mitologia da reminiscência na Grécia Arcaica. Nessa civilização de tradição puramente oral (entre os séculos XII e VIII), a memória ganha lugar de destaque, numa época na qual a escrita