A CONSTRUÇAO BIOGRAFICA NO DOCUMENTARIO BRASILEIRO ATUAL
BIOGRÁFICA NO DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO ATUAL Em tempos de cultivo do individuo, as biografias recuperaram seu amplo espaço na literatura ou nas variadas plataformas a que recorrem hoje às produções audiovisuais. Tal cenário permitiu a problematização em torno do gênero biográfico. Pierre Bordien em seu texto discute a tentação a que sucumbem muitos biógrafos que, ao se debruçarem sobre uma vida, buscam construir falsas coerências para que a história do indivíduo faça sentido. No audiovisual o gênero biográfico ocupa um espaço significativo e ganha acréscimos em termos de espaço para questionamentos se pensarmos na dificuldade da realização que a exigência de imagens e sons possui. Questão essa que fica mais complexa quando se trata de documentários biográficos pois nestes além dos debates que expõem as contradições e conflitos que envolvem a fixação de uma identidade em um tempo múltiplo e maleável, somam-se as dificuldades de viabilizá-la “audiovisualmente” em termos de representação do real. A proposta deste texto é, assim, discutir soluções a que recorrem os documentários biográficos no Brasil. A imposição que o gênero biográfico, de caráter híbrido por condição (documental, interpretativo e as vezes ficcional) impõe ao documentário, em um momento que as discussões em torno das fronteiras que o separam da produção ficcional, estão sendo, continuamente, fraturadas. Em 1995, ano em que foi produzido Carlota Joaquina, Princesa do Brasil de Carla Camurati filme considerado ponto de partida para o chamado cinema brasileiro atual, temos a produção de Banana is my Business que é um documentário sobre Carmen Miranda que não é em todo só pesquisa de imagem como também recorre a ficção para recriar a trajetória da cantora nascida em Portugal, mas criada no Brasil. O documentário conquistou um público de 15470 espectadores no cinema, um número considerado favorável se comparado a outros documentários que