Ideais anarquistas na imprensa operária na Primeira República
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Esboçarei um panorama que abordará a disseminação dos ideais anarquistas pela imprensa operária no Brasil da Primeira República, visando mostrar como essa penetração se deu através de jornais e folhetins que chegavam com os imigrantes - em sua maioria italianos, mas também espanhóis e portugueses - nos portos do Rio de Janeiro e de Santos.1 Buscarei traduzir o caráter político-pedagógico existente na imprensa anarquista desse período, onde o enfoque era orientar os trabalhadores em sua organização e mobilizá-los na luta contra o poder vigente, além de denunciar as péssimas condições de trabalho a que eram submetidos. Segundo Boris Fausto, em sua obra Trabalho Urbano e Conflito Social, a formação da classe operária no Brasil estava intrinsecamente ligada ao crescimento da economia cafeeira e ao fenômeno imigratório – causado pela crise do sistema escravocrata - de meados do século XIX, início do XX. O movimento operário surge principalmente nos centros urbanos, onde as condições de moradia, trabalho e higiene eram muito precárias e facilmente comparadas à situação da classe trabalhadora na Inglaterra no século XIX.2 Não obstante, devemos entender o movimento de trabalhadores e militantes como heterogêneo, afinal, o anarquismo era apenas uma das várias correntes presentes na cena política libertária da Primeira República, o socialismo e o ‘sindicalismo revolucionário’ também tiveram suas contribuições nesse percurso. O que nos faz refletir sobre uma constatação de Edilene Toledo:
A análise das resoluções dos principais congressos operários do período, dos jornais e documentos das federações e ligas operárias, entre outras fontes, torna evidente o fato de que o movimento operário foi, em vários momentos, muito mais sindicalista revolucionário que anarquista e, às vezes, mais sindicalista que revolucionário [TOLEDO, 2007, p. 63] O ‘sindicalismo revolucionário’ surge no Brasil como prática sindical e abarca diversas tendências políticas, não por