A constituição das teorias pedagógicas da educação física
Valter Bracht
O artigo de Valter Bracht “A constituição das teorias pedagógicas da educação física” busca apresentar o processo de construção das teorias pedagógicas da educação física no Brasil. O autor usa como introdução o contexto histórico onde a racionalidade era a principal forma de criação do sujeito. Será somente com o desenvolvimento das ciências naturais que o corpo recupera a sua dignidade estudando as intervenções sofridas para adaptar-se as necessidades produtivas (corpo produtivo), sanitárias (corpo “saudável”), morais (corpo deserotizado) e de controle social. Bracht a partir dessas idéias se concentra na contribuição da disciplina Educação Física para a educação corporal que acontece na escola, portanto, na construção das teorias pedagógicas da EF.
A constituição da educação física como prática pedagógica, emergiu nos séculos XVIII e XIX com forte influência da instituição militar e da medicina. Getúlio Vargas e seu Estado Novo no Brasil, Hitler na Alemanha e Mussolini na Itália são exemplos dessa utilização do movimentar-se para chegar à educação da vontade e do caráter de uma forma mais eficiente do que em casos onde o controle pela consciência/intelecto é falho. O nascimento da EF se deu, por um lado, para cumprir a função de colaborar na construção dos corpos saudáveis e dóceis. Permitindo uma adaptação ao processo produtivo e a uma perspectiva nacionalista.
Somente no século XX foi possível sair do controle do corpo via racionalização, para um controle via estimulação, enaltecimento do prazer corporal, com enfoque psicológico. Surgindo a prática esportiva e a ginástica, orientadas pelos princípios de concorrência e do rendimento envolvendo tanto aspectos biológicos, como aumento da resistência, da força etc., quanto comportamentais, como hábitos regrados de vida, respeito às regras e normas das competições etc.
A pedagogia da EF incorporou essa “nova” técnica