A clinica e a criança
Cássio Eduardo Soares Miranda
Professor do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais
Palavras-chaves: Psicanálise – Linguagem – Criança – supervisão
APONTAMENTOS INICIAIS
Por onde começar? Pelo começo, você me diria. Pelo início, com certeza. Ou melhor, pela instauração daquilo que Freud, em 1896, denominou pela primeira vez no texto Novas observações sobre as psiconeuroses de defesa de Psico-análise. A partir do tratamento de Anna O... com J. Breuer, que mesmo sob hipnose apresentava dificuldades para falar, Bertha Von Pappenheim – verdadeiro nome de Anna O... – deu nome a esse procedimento de Talking Cure, o tratamento pela palavra.
Passados 100 anos deste ato inagural de Freud que faz com que o saber seja incluído nos ditos dos pacientes, a regra fundamental da associação livre permanece como a única condição imposta ao analisante na direção do tratamento, o que vem apontar para a vocação da Psicanálise: tudo ocorre dentro e pela linguagem.
A Psicanálise, assim, tem uma relação imediata com a linguagem. Para Freud, existe uma estreita relação entre a Psicanálise e a linguagem, uma vez que a Psicanálise vê o seu objeto na fala do sujeito. Para ele, o psicanalista não tem outro meio ao seu alcance para explorar o funcionamento da estrutura e das instâncias psíquicas do sujeito alem da fala.
Sendo assim, o saber inaugurado por Freud e retomado por Lacan acredita que qualquer sintoma é uma linguagem, fazendo dele um significante cujas leis devem ser descobertas, através dos quais os conteúdos inconscientes passam ao sistema pré-consciente-consciente, vinculando-os às representações verbais correspondentes.
Na estrutura do ato discursivo, o sujeito falante serve-se da língua para nela construir a lógica do seu discurso. É neste discurso que a língua, comum a todos, torna-se o canal de transmissão de uma mensagem única, própria da estrutura particular de cada sujeito “que