A cidadania
“Se o conceito de cidadania implica, de um lado, a ideia fundamental de indivíduo ( e a ideologia do individualismo), e de outra, regras universais ( um sistema de leis que vale para todos em todo e qualquer espaço social), como essa noção é percebida e vivida em uma sociedade onde a relação desempenha um papel crítico na concepção e na dinâmica da ordem social?”.
O autor especifica de forma bem clara e bem insistente a sociedade brasileira e outras sociedades, como uma SOCIEDADE RELACIONAL. Nesse caso, o indivíduo no contexto da rua não se distingue por sua individualidade, mas por um conjunto de signos que ele traz pelas relações que ele tem como parte de um subconjunto (sindicalistas, estudantes, ricos, etc.). Mas essa teia de relações vai além: as ações dos indivíduos variam em função das amizades, dos contatos que se tem. O que podemos observar na nossa sociedade é que o brasileiro compreende a si como um cidadão por sua própria natureza, como se a cidadania fosse “um elemento básico e espontâneo de sua essência”, independentemente de exercê-la: ele tem seus direitos como cidadão por ser brasileiro, sem que necessariamente cumpra sua função. A rigor, o exercício da cidadania até existe, mas num âmbito muito mais individualista do que cidadão de fato, refletindo mais uma vez o anseio do brasileiro por transportar os valores da casa para a rua, de ser entendido como indivíduo. Assim, temos com frequência situações em que o sujeito defende sua comunidade muito mais por conta das relações pessoais que ela representa para ele, e por tudo que ele pode eventualmente obter em troca.