A causalidade dos acidentes de trabalho
A concepção do acidente do trabalho como fruto do azar, segundo Kouabenam (1999) apud Baumecker (2000), remonta a períodos muito antigos. O autor comenta que para Paracelso (1493 – 1541) os acidentes escapavam de qualquer causalidade e que eram fruto dos caprichos de demônios subterrâneos e que “tais explicações fatalistas se originam na própria história da humanidade, estando ancorada firmemente nas representações populares onde o acidente, a morte e qualquer outra forma de sofrimento são considerados como um preço a pagar pela violação da ordem estabelecida. Aliada à idéia de fatalidade aparece a da causalidade pessoal uma, vez que o azar é pessoal”. À idéia da fatalidade está amiúde associada o conceito do acaso. Ocorre que, conforme nos ensina Ruelle (1993), a interpretação científica do acaso começa pela introdução das probabilidades e o acidente não se caracteriza por ter distribuição uniforme no tempo, no espaço e nos grupos humanos, tendo determinantes, entre outros, de caráter econômico, político e social.
Estando superada a compreensão do acidente do trabalho como fruto da fatalidade, onde sua ocorrência seria completamente tramada no insondável à percepção humana, descortina-se o desafio de estudar e apreender o fenômeno de maneira multicausal, identificando seus determinantes da forma mais ampla possível, ensejando a concepção de medidas necessárias à prevenção de acidentes semelhantes ou que tragam, em sua estrutura, elementos materiais ou imateriais comuns àquele objeto de análise. Embora seja nítido o entendimento que cada acidente é único, é possível identificar na sua dinâmica e estrutura elementos que podem vir a atuar como suporte para outros eventos que se deseja evitar.
O grande argumento teórico e prático que sustenta a necessidade de promover exaustivas investigação e análise dos acidentes é a prevenção; é a possibilidade de conceber e implementar medidas de prevenção que sejam capazes de