A autonomia do professor no curriculo escolar
O currículo diz respeito à seleção, seqüência e dosagem de conteúdos da cultura a serem desenvolvidos em situações de ensino-aprendizagem. Ele deve ser entendido como um processo, que envolve uma multiplicidade de relações, em diversos âmbitos. Como organização curricular supõe-se a organização do trabalho pedagógico, e por isso, a formulação do currículo deveria, necessariamente, contar com a efetiva participação de docentes dos vários graus, níveis e modalidades de ensino. Infelizmente, a elaboração curricular tem se adstrito a “especialistas”, em gabinete, de maneira hierarquizada e autoritária, relegando-se às demais instâncias papel meramente executivo e colocando os professores no final da linha, desprovidos do domínio dos fundamentos das decisões tomadas em outros patamares e sem o controle dos aspectos relativos à avaliação. É necessário que haja maior espaço de participação dos professores nas decisões, o que requer, necessariamente, investimento efetivo na sua formação, para permitir-lhes igualdade de condições nas negociações. É mister que o professor tenha o domínio dos fundamentos teóricos e históricos dos processos de elaboração e implementação do currículo, que, afinal, dizem respeito à natureza de sua função, ou seja, a organização do trabalho pedagógico.
Para que o professor possa participar efetivamente da elaboração do currículo, é necessário que possua um conhecimento teórico de qualidade. Por isso, em diversas instâncias acadêmicas, esforços e estudos voltam-se para a busca da qualidade da formação. A capacidade de o professor produzir, na reflexão sobre a prática, uma ação diferente daquela idealizada teoricamente depende, sobretudo, de sua formação teórico-epistemológica; esta, é que permite ao professor refletir criticamente e perceber as relações mais complexas da prática. O referencial da prática, além de fundamental para a significação dos conhecimentos teóricos,