A Arte De Inventar
ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. História: A arte de inventar o passado. Ensaios de
Teoria da História. São Paulo: Edusc, 2007.
Marcelo Monteiro dos Santos* madri_ms@hotmail.com O livro de Durval Muniz é leitura das mais agradáveis, ainda que possa suscitar vozes discordantes. O texto é de uma clareza surpreendente para uma obra que trata de teorias em
História. O Prefácio é assinado pelo saudoso historiador Manoel Luiz Salgado Guimarães, que aponta a metodologia de “possibilidades pouco convencionais” que permeiam as “metáforas” do livro de Durval Muniz.
O livro é dividido em três partes: na primeira Durval discute a relação entre História e
Literatura, na segunda esboça as contribuições do pensamento de Michel Foucault para a escrita da
História, embora possamos identificar o pensamento foucaltiano em toda obra, e na terceira apresenta uma coleção de ensaios que tratam sobre os desafios do historiador ao narrar o passado.
Ao relacionar História e Literatura, o historiador o faz de uma maneira diferente da habitual.
Durval propõe uma aproximação com o texto literário não para apropriar-se dele como fonte primária; ao contrário, a Literatura forneceria ao historiador a parceria perfeita para a inventiva narrativa do passado. E assim, guiados por Guimarães Rosa entramos no rio da História para navegar pela terceira margem.1 Não é preciso temer a Literatura, podemos caminhar com ela.
História e Literatura unem-se, masculino e feminino, e no melhor estilo de casamento, estabelecem uma excelente cooperação entre si. Porém os dois ainda permanecem inimigos, mesmo no amor.2
Bouvard e Pécuchet, personagens de Flaubert, também ganham as páginas de Durval. A metáfora é para ilustrar que o ofício do historiador constitui-se na arte de inventar o passado.3 A pretensa narrativa de descrevê-lo tal como ele ocorreu, que foi tão cara aos metódicos, já não tem mais lugar, ou pelo menos não deveria ter. No romance os dois personagens, após uma sequência de agruras, veem-se