A afetividade na formação das professoras
O aspecto emocional do indivíduo não tem menos importância do que os outros aspectos e é objeto de preocupação da educação nas mesmas proporções em que o são a inteligência e a vontade. O amor pode vir a ser um talento tanto quanto a genialidade, quanto a descoberta do cálculo diferencial. (Vygotsky)
Podemos definir afetividade como o conjunto dos sentimentos experimentados pelos seres humanos. Entende-se de forma errônea esse conceito como apenas os sentimentos considerados bons, o que é um equívoco, uma vez que essa separação entre sentimentos bons ou maus está muito ligada à nossa cultura ocidental, já que sentimentos não são bons nem maus. Somente podemos julgar as atitudes que eles provocam. Na psicologia cognitivo-comportamental há uma técnica chamada “dessensiblização”, que consiste em repetir por diversas vezes uma ação para que ela deixe incomodar a pessoa. Esse processo é interessante quando alguém sente medo de dirigir um automóvel, por exemplo: nesse caso a pessoa é orientada a sair com o carro em pequenos percursos, com alguém ao lado que não a critique, até que, dominando os comandos do veículo, vai tornando automático o ato de dirigir, perdendo, assim o medo. Ou seja, a “dessensibilização” ocorre com a repetição daquilo que nos incomoda, tornando-nos insensíveis àquele fato. Nas escolas esse processo também acontece. Perdidas nas rotinas maçantes do cotidiano, sem parar para refletir sobre a prática, as educadoras acabam repetindo uma prática que lhes dá segurança, dessensibilizando-se, passando a agir de forma quase automática no seu trabalho de educar. As atitudes automatizadas aparecem nas práticas diárias e as educadoras começam a agir como se estivessem alheias a seu trabalho e este se transforma em algo pesado, desagradável, e todos os envolvidos começam a sentirem-se muito infelizes, principalmente as mais interessadas, que são as crianças. Os