A acção Política em Maquiavel
Maquiavel inicia o principe apresentando uma classificação simplificada das formas de exercício da autoridade política: “Todos os estados, todos os domínios que tiveram e têm autoridade sobre os homens foram e são repúblicas ou principados”. Ao restringir as formas políticas somente aos principados e às repúblicas, o autor adota uma postura diferente em relação à tradição precedente, que procurava analisar a legitimidade e a ilegitimidade de certas formas de governo, como também a origem e a finalidade das organizações políticas.
Em O príncipe, Maquiavel analisa especificamente os principados. Afirma que deixará de lado as investigações sobre as repúblicas porque já havia discorrido longamente sobre o assunto. Como tal, concentrando-se apenas nos principados, estabelece uma subdivisão entre eles, que tem em consideração a forma/metodologia como o principe ascende ao poder.
Os principados hereditários são os primeiros a receber a atenção do autor, ainda que não sejam objecto de uma investigação aprofundada, uma vez que neles não é possível observar de maneira clara toda a extensão do problema da acção política.
Ao assumir o poder, o principe hereditário encontra uma estrutura política bem definida na qual os súbditos estão acostumados à autoridade da sua dinastia. Claude Lefort explica que “a permanência do dominante enfraquece a resistência dos dominados de tal modo que a submissão é obtida com menos gastos”. Nesse sentido, o príncipe enfrenta poucos problemas para governar tais principados.
A acção dos príncipes hereditários parece ser tão fácil de ser realizada que Maquiavel contenta-se em apresentar apenas duas medidas que devem ser observadas para se obter sucesso: não promover grandes mudanças na ordem instituída pelos seus antepassados, pois é esta a que fornece a legalidade para o seu governo; e saber contemporizar os acidentes, pois eventualmente surgirão circunstâncias em que será necessário tomar alguma