O conceito de liberdade em nicolau maquiavel

INTRODUÇÃO:
Não é novidade a interpretação que apresenta o pensamento político de Maquiavel como o mais notável exemplar do ressurgimento da concepção republicana de liberdade. Já em meados do século XVI, poucas décadas após a morte de Nicolau Maquiavel, Giovani Busini, um republicano opositor dos Médici, retratava-o como o mais extraordinário amante da liberdade. Um século mais tarde, escritores como James Harrington e John Milton chamavam a atenção para as preferências republicanas do autor nos Discorsi, ao mesmo tempo que se inspiravam nas suas lições para a justificação das pretensões do parlamento contra a coroa no contexto revolucionário inglês. No século das luzes, poucos anos antes da eclosão da Revolução Francesa, Rousseau dava ainda mais enfase à integridade republicana de Maquiavel. Contudo, ao longo de quase cinco séculos, a interpretação republicana do pensamento político de Maquiavel jamais foi suficientemente forte para se sobrepor ao retrato convencional, que chega a apresenta-lo como um dos mais inescrupulosos conselheiros de todos os tempos.
Em contrapartida, tem sido um dos mais polémicos e discutidos pensadores, tendo recebido ao longo do tempo inúmeras interpretações, tais como: defensor do absolutismo; anticristão, até mesmo visionário. Porém, aqueles que assim o qualificam esquecem-se que Maquiavel não parte de pressupostos morais ou cristãos ao escrever sobre política, o seu realismo levou-o a escrever sobre assuntos úteis, sendo as suas obras direcionadas à acção política, em defesa da Razão de Estado.
Pretendo analisar a obra de Maquiavel tendo como foco principal de interesse o conceito de liberdade. Mais especificamente irei tentar expor o verdadeiro conceito de liberdade em Maquiavel; entender como ele se relaciona com os demais conceitos de fortuna e virtú, e qual a sua importância no pensamento do mesmo.
Posso afirmar que a liberdade designa o estado de ser livre ou de não estar sob o controle de outrem, de estar desimpedido, de