xitique
Grande parte da população moçambicana, em especial as mulheres, recorre aos chamados sistemas informais de poupança e de ajuda mútua. Esta situação acontece por diversas razões, entre as quais, a incapacidade do Estado para disponibilizar serviços sociais básicos, não haver confiança nas instituições bancárias ao mesmo tempo que estas não existem em todo o país. As redes de solidariedade e os grupos de poupança, grupos de entre-ajuda ou outras formas de solidariedade, são meios de auto-organização e constituem iniciativas de base comunitária na origem da resolução de problemas (Cruz e Silva, 2005:1).
Sendo moçambicana e convivendo com diferentes pessoas fui observando e percebendo que as práticas de poupança fora dos sistemas considerados formais ou convencionais, além de muito actuais, estão bem mais enraizados do que supunha. Desde a vendedora do mercado, passando por uma secretária ou uma professora primária, motoristas, empregadas domésticas, serventes ou enfermeiras, toda a gente, e em especial as mulheres, está envolvida em alguma forma de poupança informal. Como cientista social, o meu interesse por este tipo de sistema foi-se tornando cada vez maior, à medida que ia descobrindo diferentes vertentes destas práticas e a sua importância para as pessoas, principalmente aquelas que, com o seu salário, não conseguem suprir todas as necessidades e despesas que vão aparecendo.
Admitindo a importância que estes sistemas informais representam para a maioria da população é objectivo deste texto dar a conhecer o seu funcionamento, nomeadamente as características, os tipos de sistemas existentes, as vantagens e desvantagens, assim como apresentar alguns exemplos concretos. Porém, darei mais atenção a um tipo de sistema, o mais conhecido em Moçambique e também o mais praticado, designado xitique.
Apresentaremos a sua definição, as principais características, os vários tipos existentes, em que circunstâncias se pratica e, mais importante, porque é que