A máscara e a mimica corporal
A MÁSCARA E A MÍMICA
CORPORAL DRAMÁTICA:
ENTREVISTA COM ETIENNE
DECROUX
George Mascarenhas
(apresentação e tradução)
George Mascarenhas é ator e diretor teatral, formado em Mímica
Corporal Dramática pela École de Mime Corporel Dramatique (atual
Ange Fou International Mime School of London), dirigida por Steven
Wasson e Corinne Soum. Doutorando em Artes Cênicas e Mestre em
Artes (UFBa). Licence de Estudos Teatrais (Université de la Sorbonne
Nouvelle – Paris III). Integra o corpo docente do Curso de Artes
Cênicas da Faculdade Social. E-mail: mascarenhas.george@gmail.com
Nas aulas e demonstrações de mímica corporal dramática de Etienne Decroux, alguns dos aspectos que mais despertam curiosidade e interesse dos participantes são a questão da “neutralidade” e o uso da técnica do rosto coberto durante a execução de exercícios e peças do repertório
decrouxiano.
De fato, uma das exigências da técnica é a pesquisa de uma certa “neutralidade” das expressões da face, confundida equivocadamente com ausência de expressão. As aspas indicam aqui o entendimento de que esta “neutralidade” é apenas uma imagem de trabalho, como o “papel em branco”, e não um objetivo possível de ser atingido integralmente já que todos os rostos e corpos trazem em si uma carga de
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expressões próprias que não podem ser completamente ignoradas nem zeradas, em virtude da própria natureza humana, do passado e presente, da somatória de percepções e experiências de cada indíviduo, no espaço da cena e da vida.
Isso implica que não existe um nível “zero” ou “neutro” absoluto, mas que cada mímico se empenhará em encontrar a sua própria “neutralidade”, a eliminação do excesso de tensões dos músculos da face.
A busca por esta qualidade configura-se como um ideal para que o intérprete não imprima de antemão expressões que fechem demasiadamente o sentido do que está sendo criado em cena, prática que não parece ser tão evidente. É assim que o sentimento de alegria,