Votação
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Ruth de Aquino
O valor do voto, numa democracia, não sobe e desce de forma destrambelhada. A gangorra na consciência cobra um preço insuportável, que nenhum pacote idealista ou oportunista recupera. O eleitor pode balançar, mas, se for responsável, escolherá o prefeito que julga melhor para a sua cidade. Às vezes, votamos no menos ruim, sem alegria ou convicção. Por ironia, eu, que pela primeira vez confio em meu candidato a prefeito do Rio de Janeiro, estou ausente do país. Lamento não poder votar.
Meu candidato é ético, inteligente, bem informado, coerente, preparado, honesto, sério, cordato, corajoso, positivo e jamais fez promessas mirabolantes. Não é arrogante nem demagogo, o que o livra de qualquer tentação de autoritarismo. Está muitos níveis acima do mar de lama que vem sendo associado à política corriqueira e miúda no Brasil. Valoriza o trabalho de equipe, o que é indispensável a um bom administrador. Não é dado a sorrisos falsos nem a efeitos especiais. Se existe algo que o tira da serenidade, é a cara feia da corrupção. Não direi o nome de meu candidato. As qualidades talvez o denunciem. Mas não declaro publicamente meu voto.
Há vários tipos de voto numa democracia. Não são todos válidos, mas a maioria é legítima, desde que a escolha seja consciente. Já escrevi contra o voto obrigatório. Não acredito que obrigar a população a votar aumente a representatividade. Em números, sim. Mas é um total ilusório por ser forçado. O voto facultativo, próprio das democracias consolidadas e maduras, me parece mais democrático. E mais revelador. É assim nos Estados Unidos, no Canadá, na Europa. Os índices de absenteísmo mostram se há adesão ou descrédito – e podem ser uma luz amarela instrutiva para os políticos. É assim na França, onde estou. O desinteresse, sobretudo dos jovens, é um dos maiores pesadelos do político. Um adversário na hora da campanha.
Quando o voto é facultativo, os candidatos precisam