Visões do ser humano
1. O ser humano pode ser concebido e simbolizado como uma simples linha reta. É a visão unidimensional do homem. O homem considerado em uma só de suas dimensões. O homem como matéria, como corpo, apenas. Neste tipo de abordagem, o corpo tem, às vezes, dificuldades e defeitos e o papel do médico é como o trabalho de um mecânico ou relojoeiro. Ele deve recolocar a máquina em funcionamento.
2. A segunda visão do ser humano é a visão bidimensional, onde se considera o homem não somente como matéria, corpo, soma, mas também como uma alma, como uma psique. Esta visão não é uma crença. Ela parte da observação do ser humano. Estamos no mundo dos terapeutas, quer dizer, das pessoas que observam o vivente, o ser humano vivo. Essas pessoas observam que a informação que anima a matéria talvez possa ter uma vida independente desta matéria. Que a informação pode ser retirada do corpo e podemos constatá-la já que o corpo se torna inanimado. Mas nada nos prova que esta informação não continue a subsistir. E que esta informação que se pode chamar alma tem uma vida independente em relação ao corpo.
Nas abordagens contemporâneas, faço referência às pesquisas de Graf Dürckheim e Elisabeth Kübler-Ross que faziam esta constatação a propósito de exemplos numerosos, exemplos de saída do corpo durante o coma, nos momentos que antecedem a morte e também em outras circunstâncias. 3. Na época de Fílon de Alexandria, como atualmente, havia ainda outra visão do ser humano – uma visão tridimensional. É sempre preciso observá-lo e notar que há nele uma dimensão que não é somente do mundo da alma. Há o soma, há a psique e há também o que os gregos chamam nous que corresponde aproximadamente à palavra Espírito, em português.
Nous é uma palavra difícil de traduzir. Ao nível da experiência, podemos verificar em nós mesmos. Não se trata somente da inteligência analítica ou da inteligência racional. Não se trata do mundo da emoção e do mundo do