Violência nas torcidas
VIOLÊNCIA ENTRE TORCIDAS ORGANIZADAS DE FUTEBOL
CARLOS ALBERTO MÁXIMO PIMENTA Professor de Sociologia na Universidade de Taubaté. Autor do livro Torcidas Organizadas de Futebol: violência e auto-afirmação, aspectos da construção das novas relações sociais.
Resumo: O presente artigo busca compreender o fenômeno da violência entre “torcidas organizadas”, a partir das justificativas de explicação dos atos de violências utilizadas pelas “autoridades públicas” e torcedores. Mostra, em síntese, que a violência produzida pelos grupos de torcedores é parte da dimensão cotidiana dos grandes centros urbanos na sociedade brasileira contemporânea, conseqüência do esvaziamento político-cultural-coletivo dos novos sujeitos sociais. Palavras-chave: futebol no Brasil; violência; torcidas organizadas.
O
presente artigo tem a pretensão de explicitar que as práticas de violência produzidas pelas torcidas organizadas inflexionam-se e (re)dimensionam-se na base dos “jogos de relações” travados no cotidiano da sociedade brasileira contemporânea. A reflexão proposta segue caráter essencialmente prospectivo e indagatório, cuja análise temática circunscreve-se em pesquisas empíricas qualitativas/críticas desenvolvidas junto às torcidas “Gaviões da Fiel”, “Independente” e “Mancha Verde”, sediadas na cidade de São Paulo, e sobre a violência implicada no processo de profissionalização da estrutura administrativa do futebol brasileiro, síntese das projeções políticas e econômicas de nosso Estado. O recorte dessa reflexão se faz necessário, pois pretende-se buscar uma melhor compreensão de nosso tempo social, rompendo com visões reduzidas, conservadoras ou meramente estatísticas sobre o tema violência, bem como indicar apontamentos às modificações sentidas no cotidiano dos grandes centros urbanos brasileiros que (re)ordenam o comportamento dos grupos de jovens, em face das transformações políticas, econômicas e socioculturais em curso. Por