Vinte anos de crise
Obra: CARR, Edward H. Vinte anos de crise. 2ª Ed., Brasília: Editora UNB; Edições Imprensa Oficial de São Paulo; Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, 2001, 305 p.
Capítulo 1
1. Qual é o atual estado da ciência da política internacional?
A CIÊNCIA da política internacional está em sua infância. Até 1914, a condução das relações internacionais era preocupação das pessoas profissionalmente engajadas nela. Nos países democráticos, a política internacional sempre foi vista como fora do campo de ação dos partidos políticos; e os órgãos parlamentares não se sentiam competentes para exercitarem um controle cuidadoso sobre as misteriosas operações das chancelarias.
2. Como surgiu a ciência da política internacional, quais são os seus objetivos?
A campanha pela popularização da política internacional começou, nos países de língua inglesa, sob a forma de uma agitação contra tratados secretos, que foram atacados, sem provas suficientes, como uma das causas da guerra. A culpa pelos tratados secretos deveria ter sido imputada, não à imoralidade dos governos, mas à indiferença dos povos. Todos sabiam que tais tratados eram celebrados. Mas, antes da guerra de 1914, poucas pessoas sentiam alguma curiosidade acerca deles ou os achava condenáveis1. A agitação contra eles foi, contudo, um fato de imensa importância. Foi o primeiro sintoma da demanda pela popularização da política internacional, e anunciou o nascimento de uma nova ciência.
A ciência da política internacional, portanto, surgiu em resposta a uma demanda popular. Foi criada para servir a um objetivo e, neste ponto, seguiu o padrão de outras ciências. Surgiu de uma grande e desastrosa guerra; e o objetivo mestre que inspirou os pioneiros da nova ciência foi o de evitar a recidiva desta doença do corpo político internacional. O desejo passional de evitar a guerra determinou todo o curso e direção iniciais do estudo.
3. O que é o estágio utópico da política internacional?
Como outras