Vida nas grandes cidades

A partir do advento do capitalismo, a vida na cidade passa por mudanças drásticas que vão desde o crescimento populacional desenfreado até a concepção de uma cultura de consumo desregrado. Essa modernidade traz consigo um estilo de vida agitado, bagunçado e extremamente acelerado resultando num bombardeio de estímulos. Em cada jornal lido, em cada cartaz na rua, o homem era bombardeado com novas informações. Algumas importantes, outras nem tanto. Mas o que importava era que a informação chegasse e atingisse o seu alvo. O fato da população ser tão instigada pelo novo, fez com que ela, de certa forma, perdesse a capacidade de se surpreender, o que obrigou os meios de comunicação, sobretudo o cinema, a aprimorarem suas técnicas para “vender novidades”. As pessoas da cidade precisavam de algo espetacular, que fosse além do cotidiano com o qual estavam acostumadas. E assim surge o sensacionalismo, com suas imagens chocantes e fatos distorcidos da realidade para conseguir despertar emoções e entreter o homem moderno.
No cinema e na televisão, vemos cenas violentas, sangue jorrando para um lado, membros decepados para o outro. Simples beijos franceses não são mais satisfatórios, é necessário, no mínimo, uma cena de sexo explícito para que o filme seja considerado “romântico”. E o padrão de tentativas de escandalizar continua nos jornais. Assassinos covardes, pedófilos que abusam de crianças e até de bebês, pais que trancam suas filhas nos porões e abusam sexualmente delas. No entanto, isso tudo parece ter sido banalizado por grande parte das pessoas. Poucos se importam, a maioria vê e pensa: “Mais uma notícia ruim” e continuam suas vidas como se o sofrimento alheio, a violência e a crueldade já fizessem parte do cotidiano. E, de certa forma, fazem. Caímos numa total indiferença, estamos sempre à procura de algo que desperte novas sensações, que possa nos surpreender. Mas será que ainda existem coisas no mundo capazes de desempenhar tais efeitos?