As Grandes Cidades e A Vida do Espírit
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AS GRANDES CIDADES E
A VIDA DO ESPÍRITO
(1903)
Georg Simmel
Tradutor:
Artur Morão www.lusosofia.net i
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Covilhã, 2009
F ICHA T ÉCNICA
Título: As Grandes Cidades e a Vida do Espírito
Autor: Georg Simmel
Colecção: Artigos L USO S OFIA
Design da Capa: António Rodrigues Tomé
Composição & Paginação: José M. Silva Rosa
Universidade da Beira Interior
Covilhã, 2009
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As Grandes Cidades e a Vida do Espírito
Georg Simmel
Os problemas mais profundos da vida moderna provêm da pretensão do indivíduo de resguardar a autonomia e a peculiaridade da sua existência em face das prepotências da sociedade, da herança histórica, da cultura exterior e da técnica da vida — a última reestruturação a ser alcançada da luta com a natureza, que o homem primitivo teve de levar a cabo em prol da sua existência corpórea. Se o século XVIII pôde apelar à emancipação de todos os liames historicamente nascidos no Estado e na religião, na moral e na economia, para que assim se desenvolvesse, sem obstáculos, a natureza originariamente boa, que é a mesma em todos os homens; se o século XIX, além da simples liberdade, reivindicou a particularidade humana da divisão do trabalho e a sua produção, que torna incomparável e, quanto possível, indispensável o indivíduo, mas o amarra assim tanto mais estreitamente ao adimplemento por meio de todos os outros; se Nietzsche viu na mais implacável luta dos singulares a condição para o pleno desenvolvimento dos indivíduos, ou o socialismo a divisou também justamente na repressão de toda a concorrência – em tudo isto actua o mesmo motivo fundamental: a resistência do sujeito a ser nivelado e desgastado num mecanismo técnico-social. Onde os produtos da vida especificamente moderna se indagam na sua interioridade e, por assim dizer,
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