Vico
Aristóteles (383-322 a.C.)
O conjunto de obras de Aristóteles apresenta o seu pensamento com uma feição sistemática, como um vasto conjunto enciclopédico no qual os mais diversos problemas são elucidados de forma aparentemente definitiva. As soluções propostas por outros pensadores são previamente analisadas e criticadas - e dessas críticas Aristóteles parte freqüentemente para a formulação de suas próprias concepções. O caráter sistemático que revestiu, desde a Antigüidade, o pensamento aristotélico, certamente contribuiu para que, sobretudo na Idade Média, Aristóteles passasse a ser encarado como a grande autoridade em matérias filosóficas e científicas: era o filósofo, que teria construído uma doutrina de âmbito universal e de validade permanente, intemporal. Seus textos por isso mesmo, mereciam não propriamente complementações ou correções, mas antes análises e comentários. Todavia aquele aspecto sistemático e a aparente fixidez foram reapreciados por modernos historiadores da filosofia que passaram a ressaltar a evolução interna revelada pelas idéias de Aristóteles, mesmo em obras de finalidade fundamentalmente didática - as acroamáticas, que constituem, aliás, a quase totalidade das obras que foram preservadas. Colaborador nas pesquisas da Academia de Platão, sobretudo nas ciências naturais, assistente no ensino - conforme o costume da época -, estimado por Platão por seu espírito de erudição e profundidade, desde a juventude os interesses de Aristóteles voltavam-se para a análise, a experimentação e a classificação, interesses que caracterizam definitivamente todo o pensamento ocidental subsequente, seja ele científico, filosófico, político ou moral. As idéias e conclusões de Aristóteles fazem parte do patrimônio comum do pensamento comum. O seu interesse pela classificação abrange desde os animais, vegetais e minerais até as virtudes, paixões e faculdades psicológicas. Todo processo de classificação tem por objetivo descobrir a