VICO E DESCARTES ACERCA DA CIÊNCIA
Robson S. Jorge1
1 INTRODUÇÃO
Giovanni Battista Vico, ou simplesmente Giambattista Vico, nasceu em Nápoles, Itália, em junho de 1668. Nesta cidade recebeu a educação formal dentro dos padrões jesuítas, mas podia ser considerado um “mestre de si mesmo”, pois seu espírito irrequieto e contestador não aceitava prontamente aquilo que estava pré-estabelecido.
Talvez por culpa de seu temperamento e também em razão de seus pensamentos, Vico não tenha tido a compreensão e o reconhecimento por parte de seus contemporâneos, ao ponto de descrever a si mesmo como “um estranho em seu tempo” e completamente desconhecido em sua cidade natal. Contribuiu bastante para esse desconhecimento das ideias de Vico em sua época o fato de que boa parte de sua filosofia ser voltada para a crítica do pensamento cartesiano, que até então era um tipo de “paradigma” filosófico, amplamente reconhecido e aceito pela comunidade filosófica de então.
Somente no século XIX é que seu pensamento passou a ter significativo impacto nos meios filosóficos, quando as ciências particulares já estavam consolidadas e muitos pensadores já reportavam o conhecimento científico como uma espécie de “panacéia” para os problemas da humanidade.
Contudo, é válido afirmar que a filosofia de Vico não foi completamente negligenciada em sua época ou logo após sua morte (ocorrida no ano de 1744). Guido (2004), por exemplo, cita que a influência de Vico pode ser observada em várias tradições do pensamento europeu a partir de meados do século XVIII.
De acordo com o autor acima citado, o impacto de Vico sobre a crítica literária e a estética é evidente nos escritos de Francesco De Sanctis e Benedetto Croce. Já na jurisprudência, economia e teoria política, sua influência pode ser constatada na obra de Antonio Genovesi (um dos próprios alunos de Vico), Ferdinando Galiani e Filangieri Gaetano (GUIDO, 2004).
Ressalte-se que a produção filosófica de