valores
Fela Moscovici
I
CORAÇÕES E MÁQUINAS
As máquinas fazem o trabalho pesado e os homens ficam livres para pensar, sonhar e desfrutar o prazer de sua existência.
E a felicidade, a alegria de viver? E a paz de espírito, a tranqüilidade interior? E o amor? Como consegui-los através das máquinas?
Aldous Huxley imaginou em “Admirável Mundo Novo” a ingestão de pílulas de “emoções” variadas para suprir a carência humana num mundo altamente mecanizado e frio.
A relação homem-máquina vem despertando interesse crescente, preocupações e estudos científicos. A relação homem-homem tem merecido muito menos atenção e cuidado, como se não fosse afetada.
O relacionamento humano está passando por uma crise aguda de conseqüências imprevisíveis. Aumenta a tendência a ver o outro como objeto, instrumento de sua própria satisfação.
Há um imenso descompasso entre progresso tecnológico e progresso social. O primeiro cresce em ritmo exponencial enquanto o outro se arrasta, com retrocessos inexplicáveis.
O avanço tecnológico é assombroso, irreversível e de imenso valor para a humanidade.
É preciso restaurar o equilíbrio perdido na relação do homem com a natureza, com o cosmo.
A vida na organização
A qualidade de vida na organização atual deixa muito a desejar.
O modelo burocrático, ainda vigora na maioria das organizações sociais. Caracteriza-se por uma visão mecânica, em que pessoas são simples partes trocáveis para funcionamento contínuo e eficiente da máquina. Esse modelo adota uma forma rígida, com cargos fixos, preestabelecidos.
Os processos humanos são gerenciados pelo Departamento de Pessoal, com foco predominantemente administrativo, o que tende a reduzi-los a cadastros, números, índices, estatísticas. Os sistemas de recompensa, coerentemente, encorajam a competição de só “olhar para cima” e “parecer o melhor” e assim ganhar.
Os discursos inovadores, os papéis principais do gerente continuam sendo reforçados como: