usurpadores da democracia
Ocupação da Câmara de Vereadores não é manifestação; é atentado contra a democracia. Tentativa de invasão da Câmara Municipal não é protesto; é golpe contra a democracia. Confesso que tenho calafrios pelo corpo quando noto que os brasileiros perderam a capacidade de distinguir tais coisas.
No Rio, “manifestantes” ocuparam a Câmara dos Vereadores e impuseram uma lista de demandas. Pergunto ao leitor: eles têm procuração sua? A minha não. Falam em nome de quem? Do “povo”? Foram eleitos por quem?
Ninguém precisa defender o governo de Sérgio Cabral, muito menos achar que a CPI dos ônibus transcorre de forma exemplar, para repudiar os métodos desses “manifestantes”. Quando abrimos mão de princípios porque os fins imediatos parecem atender a nossos anseios, abrimos as portas do inferno fascista.
Amanhã, os “ninjas de camisa marrom” vão governar no grito, e sua pauta de demandas nem sempre – ou quase nunca – irá coincidir com a do restante da população. Talvez essa seja uma das grandes diferenças entre liberais e esquerdistas: esses querem seus objetivos custe o que custar, aqueles prezam pelos métodos, valorizam o sistema e as instituições, pois somente assim a liberdade será preservada no longo prazo.
O respeito às regras do jogo e ao estado de direito é fundamental se desejamos um avanço de nossa democracia. A alternativa, de atear fogo nas ruas e invadir espaços políticos para impor uma agenda qualquer, leva apenas ao fascismo.
A democracia é falha, imperfeita, e muito aquém da que almejamos. Mas as vias para melhora-la passam pelo próprio processo democrático. Os usurpadores da democracia não querem saber disso. Eles querem invadir, gritar e governar sem eleição ou respeito aos limites impostos pelas leis.
O Egito já vive em guerra civil, com quase 500 mortos nos últimos dias. Lá, havia uma ditadura, que foi derrubada para uma eleição que alçou ao poder a Irmandade Muçulmana. Essa tampouco quis saber de democracia em si, que não pode