uso metalinguagem
(1) No dia-a-dia, fazemos uso constante da função metalinguística sem, muitas vezes, darmos conta disso. Quando interrompemos alguém para perguntar o significado de uma palavra, consultamos um dicionário ou uma gramática, ou mesmo na disciplina de Língua Portuguesa, estamos na verdade a fazer uso de tal função. A explicação verbal que alguém faz a outrem da linguagem gestual é também entendida como metalinguagem.
(2) Quando um escritor escreve um poema e discute o seu próprio fazer poético, explicitando procedimentos utilizados na sua construção, ele está, na verdade, a usar a função metalinguística. Este é o caso do poema “Os meus versos” de Florbela Espanca:
«Rasga estes versos que eu te fiz, amor!
Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento,
Que a cinza os cubra, que os arraste o vento,
Que a tempestade os leve aonde for!
Rasga-os na mente, se o souberes de cor,
Que volte ao nada o nada dum momento!
Julguei-me grande pelo sentimento,
E pelo orgulho ainda sou maior!... Tanto verso já disse o que eu sonhei!
Tantos penaram já o que eu penei!
Asas que passam, todo o mundo as sente...
Rasga os meus versos...Pobre endoidecida!
Como se um grande amor cá nesta vida não fosse o amor de toda a gente!...»
(Espanca, 1987:72)
[O interlocutor expresso no poema seria, num primeiro momento, o ser amado pelo eu lírico, para em seguida, se tornar qualquer leitor que já tenha amado. A expressão “Pobre endoidecida”, no último terceto, transmite ambiguidade em relação ao eu que enuncia e ao receptor, pois pode ser vista como aposto ou como vocativo.]
(3) No cinema, temos o exemplo do filme “Cinema Paradiso”, cujo título evidencia o procedimento metalinguístico uma vez que o seu enredo trata do próprio cinema.
[Na verdade, é um hino de amor ao cinema, que nos é apresentado como um forte elo entre o velho operador Alfredo, responsável pela projecção dos filmes, e Salvatore, o seu ajudante e futuro cineasta.] (4) Nas artes plásticas, o recurso