universitario
Franz BOAS*
A
ntropologia é muitas vezes considerada uma coleção de fatos curiosos, que fala sobre a aparência peculiar de povos exóticos e descreve seus estranhos costumes e crenças. É encarada como uma divertida aventura, aparentemente sem nenhuma preocupação com a conduta de vida das comunidades civilizadas.
Esta opinião é falsa. Mais do que isso, espero demonstrar que uma compreensão clara dos princípios de antropologia ilumina os processos sociais do nosso próprio tempo e podem mostrar-nos, se estivermos prontos para ouvir seus ensinamentos, o que fazer e o que evitar.
Para provar minha tese devo explicar resumidamente o que os antropólogos estão tentando fazer.
Pode parecer que o domínio da antropologia, a "ciência do homem", está preocupada com uma série de ciências. O antropólogo que estuda a forma corporal é confrontado pelo anatomista que passou séculos em pesquisas sobre a forma bruta e minuciosa da estrutura do corpo humano. O fisiologista e o psicólogo dedicam-se a investigações sobre o funcionamento do corpo e da mente. Existe, portanto, alguma justificativa para que o antropólogo afirme que ele pode acrescentar algo ao nosso conhecimento? Existe uma diferença entre o trabalho do antropólogo e aquele do anatomista, fisiologista e psicólogo. Eles lidam principalmente com a forma e função típica do corpo humano e da mente. As pequenas diferenças, como aparecem em qualquer conjunto de indivíduos são negligenciadas ou consideradas como peculiaridades sem significado particular, embora por vezes sugestivas de sua ascensão a partir de formas inferiores. O interesse centra-se sempre no indivíduo como um tipo, e no significado de sua aparência em funções de um ponto de vista morfológico, fisiológico ou psicológico.
Para o antropólogo, ao contrário, o indivíduo aparece apenas como um importante membro de um grupo racial ou social. A distribuição e a escala das diferenças entre indivíduos, e as